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Premiados os vencedores do 3º Concurso Literário na Temática Afro-brasileira do IFSul

Além da premiação, o evento contou com palestras e exposições paralelas

  • Publicado: Sexta, 08 de Abril de 2016, 17h47
  • Última atualização em Terça, 12 de Abril de 2016, 12h25

                   

As lutas, resistências e conquistas no negro no Rio Grande do Sul foram os assuntos norteadores da terceira edição do Concurso Literário na Temática Afro-brasileira do IFSul. A cerimônia de premiação dos trabalhos vencedores aconteceu na tarde dessa sexta-feira (08), no auditório do câmpus Pelotas, reunindo os alunos dos cursos técnicos, superiores e de pós-graduação premiados nas categorias artigo e redação. Além da premiação, o evento contou com palestras e exposições paralelas.

>>> Confira a lista dos premiados

"Um homem negro ajudou a fazer o hino do nosso estado, uma coisa que não é dita e que deveria ser lembrada" - Vitória Hoff Ambos, 1ª colocada na categoria artigo de cursos técnicos

Aluna do câmpus Camaquã, Vitória Hoff Ambos recebeu o prêmio de primeiro lugar na categoria artigo de cursos técnicos do concurso. Segundo ela, o câmpus e os professores estimulam muito os alunos a pesquisar e conhecer a cultura negra, além de incentivar a participação em atividades como essa. Ela afirma que antes da participação no concurso não tinha conhecimento sobre a história dos negros no Rio Grande do Sul. “Para o artigo, eu pesquisei bastante sobre a trajetória dos negros, desde a entrada no Brasil até a chegada deles no nosso estado. Um fato bem interessante sobre essa história é que um homem negro ajudou a fazer o hino do nosso estado, uma coisa que não é dita e que deveria ser lembrada”, ressaltou.

“O poder do negro no Rio Grande do Sul” é o tema do texto que recebeu o primeiro lugar na categoria artigo de cursos superiores, escrito pelo aluno do câmpus Passo Fundo, Rômulo Gomes da Silva, que participou pela segunda vez do concurso. “Eu sou de Pernambuco e sei o quanto sofrem os negros, não só do nordeste, mas de todo o Brasil”, afirmou Rômulo, salientando que os obstáculos vividos pelos negros no país foram a sua motivação para escrever o trabalho.

Primeiro passo para fomentar o debate em sala de aula

A realização do concurso como maneira de fomentar o estudo e o debate da história africana em sala de aula, previstos pela lei 10.639/2003, foi um dos aspectos destacados pelas autoridades presentes no evento. Idealizadora do concurso, a coordenadora de Fomento às Ações Inclusivas da Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Olga Pereira, destacou que a iniciativa busca trazer uma outra visão sobre a constituição da sociedade brasileira. “Não podemos mais aceitar apenas a versão do colonizador”, reforçou Olga, salientando a necessidade de reforçar o protagonismo negro na construção da história do país.

"Precisamos incentivar esse debate em sala de aula para que mais negros e negras se sintam representados nos conteúdos tratados no currículo” - Manoel José Porto Júnior, pró-reitor de Extensão e Cultura

No mesmo sentido, o pró-reitor Manoel José Porto Júnior avalia que o concurso pode contribuir como uma ferramenta para incentivar o debate sobre o tema na sala de aula para que “mais negros e negras possam se sentir representados nos conteúdos tratados no currículo”. Segundo ele, enquanto a história é ensinada costumeiramente a partir da perspectiva eurocentrista, a história africana geralmente é deixada de lado e, por isso, o concurso representa apenas o início de uma caminhada no combate ao preconceito.

Confessando o quanto o concurso lhe tocava pessoalmente, o técnico da Faders – Acessibilidade e Inclusão, Jorge Amaro, lembrou sua infância e adolescência, contando que cresceu em meio a uma geração de negros cujo acesso à educação era dificultado: “cresci ouvindo que negro não precisava estudar e vi muitos irmãos negros desistirem de ir à escola por não aguentarem a discriminação”. Por conta de sua experiência, Jorge se diz orgulhoso em poder influenciar as novas gerações a combaterem o racismo por meio da universalização da educação.

Mais espaço para refletir sobre o tema no instituto

Recuperando sua vivência de três meses em Moçambique durante a realização de seu doutorado, a vice-reitora do IFSul, Janete Otte, no evento representando o reitor Marcelo Bender, compartilhou com o público a sua experiência. “Durante esse período, pude sentir o que significa ser olhada de maneira diferente”, frisou a dirigente, reforçando a urgência de refletir sobre o preconceito para que a inclusão, de fato, possa ser alcançada.

Como anfitrião do evento, o diretor do câmpus Pelotas, Rafael Leitzke, abordou as consequências práticas do enraizamento do racismo na sociedade. “Trabalhamos em uma instituição pública e gratuita, mas, mesmo assim, será que o percentual de negros matriculados aqui reflete a proporção de negros da cidade?”, questionou-se o gestor. Para ele, quando essa proporção não equivale à realidade, existe um problema social que precisa ser combatido com iniciativas como essa.

Conduziu a cerimônia de premiação a chefe do Departamento de Ações Inclusivas da Proex, Andreia Colares. Também estiveram presentes na premiação o diretor de Relações com a Sociedade, Miguel Baneiro, a diretora de Pesquisa e Extensão do câmpus Pelotas, Érica Martins, e o chefe do Departamento de Pesquisa, Extensão e Pós-graduação do câmpus Pelotas-Visconde da Graça, Márcio Mariot.

 

Reportagem: Greice Gomes e Mariana Argoud

Fotos: Mariana Argoud

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