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Intercâmbio

Um pedacinho de Moçambique no IFSul

Professoras moçambicanas concluem intercâmbio no câmpus Pelotas – Visconde da Graça e levam na bagagem, além do conhecimento adquirido, um novo lugar para se sentir em casa

  • Publicado: Quinta, 22 de Novembro de 2018, 15h54
  • Última atualização em Quinta, 22 de Novembro de 2018, 15h54

O riso fácil e o olhar alegre são as marcas de Lola, Benilde, Anézia e Clotilde, quatro professoras moçambicanas que passaram um mês em intercâmbio no IFSul. Entre as oficinas, não apenas de sua área de formação (as ciências agrárias), elas tanto aprenderam quanto ensinaram, e acabaram por cativar a comunidade do câmpus Pelotas – Visconde da Graça, que as recebeu.

Entre os dias 20 de outubro e 19 de novembro, as professoras residiram na própria unidade do IFSul, em uma casa que agora poderá abrigar novos intercambistas. A mobilização da comunidade acadêmica do câmpus é destacada pelo diretor, Álvaro Nebel, que afirma ter contado com mais de 40 servidores envolvidos entre oficinas, acolhida e atividades de lazer para as visitantes. “Eu preciso agradecer o empenho de todos os envolvidos aqui do CaVG, que foram incansáveis até nos fins de semana, e também o apoio da reitoria”, afirma.

Além das oficinas relacionadas à área de ciências agrárias e também de outros cursos do câmpus, as moçambicanas conheceram a realidade da comunidade quilombola vó Elvira e receberam atualizações na Embrapa e Emater, e tiveram supervisão pedagógica. Um trabalho em equipe que fica como legado à unidade.

As docentes foram selecionadas para realizar intercâmbio na formação agrícola, com a cooperação da República Popular de Moçambique e do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif). De Pelotas, as quatro partiram na última segunda-feira rumo a Santa Rosa do Sul, em Santa Catarina. Quem as recebe agora é o Instituto Federal Catarinense, onde elas completarão o período de formação.

 

Na bagagem, conhecimento e carinho

Foram exatos 30 dias, desde a chegada em Pelotas até a partida rumo a Santa Rosa do Sul. Tempo suficiente para um apego capaz de surpreender a professora de Extensão Rural e Fitossanidade, Benilde Malunguisse. Entre lágrimas, ela conta que não acreditava que o intercâmbio traria ainda mais coisas que o conhecimento sobre as práticas docentes utilizadas no câmpus. “Eu achava que seria apenas uma oportunidade de formação, não esperava que teria tanta comoção, que iam nos fazer sentir em casa”, conta. 

A forma acolhedora com que foram recebidas também é lembrada por Clotilde Luciano. Embora não conhecessem o Brasil, já tinham uma ideia da cultura brasileira através das novelas. Elas afirmam não haver muitas diferenças culturais, mas destacam o apreço dos anfitriões pelas tradições como um ponto de diferença. “Especialmente o chimarrão, compartilhado entre todos e sem hierarquia, nos chamou bastante atenção”, contam.

E o sentimento de proximidade e carinho não ficou só com as visitantes. Em uma apresentação de despedida feita no câmpus, a emoção tomou conta daqueles que conviveram mais tempo com elas.

Em relação às diferenças entre o ensino de Moçambique e o que viram no Brasil, Lola Raul aponta o uso da tecnologia e na capacidade de unir a teoria com a prática. “Não estamos tão avançados em tecnologia e, por isso, fica mais difícil conciliar o conhecimento da sala de aula com a prática dos alunos. Acho que buscar essa conciliação é o que vou poder levar daqui e melhorar o ensino lá”, explica a professora de solos, alimentação animal e forrageiras para cursos técnicos.

Já a professora Anézia Saíde chama a atenção para os esforços feitos aqui por privilegiar a produção de orgânicos em relação aos agrotóxicos. Segundo ela, as oficinas despertaram o interesse em levar para Moçambique a preocupação por aumentar a produção, reduzindo o uso dos químicos. “Aprendemos a fazer caldas naturais que substituem inseticidas, por exemplo. Essas tecnologias melhores precisam ser difundidas”, argumenta.

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