Jogo educacional do IFSul é selecionado pela Capes
Projeto nascido no câmpus Pelotas é o único do RS na lista de contemplados
O IFSul é a única instituição de ensino gaúcha contemplada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em edital que seleciona propostas para criação de jogos educacionais virtuais voltados à licenciatura. De autoria dos professores André Caruso e Adriane Ramires, do câmpus Pelotas, o projeto Scream (Sistema de Criação de RPGs Educacionais Multiplataforma) receberá R$100 mil para o seu desenvolvimento. Uma versão preliminar estará disponível, até o final deste ano, para a utilização em computadores e dispositivos móveis.
Ao todo, foram selecionadas 11 instituições de ensino pertencentes ao programa Universidade Aberta do Brasil (UAB), rede formada por instituições públicas que oferece cursos de nível superior por meio de educação a distância. Cada uma terá um financiamento de R$100 mil, conforme o edital, para tirarem do papel jogos educacionais que sirvam de ferramenta para que professores de diferentes disciplinas possam ministrar suas aulas de uma forma muito mais criativa e lúdica. Todos os projetos devem, ainda, oferecer um sistema que permita a acessibilidade e inclusão aos usuários.
Pensando nisso, os professores do câmpus Pelotas, André Caruso, da licenciatura em computação; e Adriane Ramires, do curso superior de tecnologia em sistemas para internet, idealizaram o Scream, um jogo baseado no RPG (sigla para Role Playing Game), no qual os participantes interpretam personagens fictícios e se confrontam em um mundo imaginário.
“A temática do Scream será `máquina do tempo`, com guerreiros e/ou guerreiras de várias épocas se desafiando. Os personagens serão tipo Chibi, inspirados nos animes e mangás japoneses, onde os personagens são crianças estilizadas, com isso, eliminando estereótipos e rótulos”, explica Caruso.
Conforme o docente, no jogo virtual, o usuário é livre para montar o seu personagem, com liberdade para escolher o sexo, a indumentária, as cores e demais preferências disponíveis no sistema. E não para por aí. Para garantir acessibilidade e inclusão, a proposta ainda prevê um menu para que o participante com deficiência visual selecione a opção “cego” e possa jogar com o auxílio de audiodescrição.
“Pessoas com deficiência visual e videntes poderão interagir entre si, já que o jogo é virtual e elimina fronteiras. Outro ponto muito interessante é que os videntes, ao escolherem o modo “cego” no menu, poderão experimentar algumas sensações e conhecer um pouco da realidade vivida por aquele que não enxerga ou enxerga muito pouco”, conta Caruso.O Scream tem como foco pessoas com deficiência visual e, segundo o professor, prioriza o raciocínio, e não habilidades manuais, característica fortemente inclusiva que pode permitir que pessoas com problemas físicos ou limitação motora também participem do jogo.
Metodologia
Concebido como uma ferramenta de autoração de jogos, o Scream abre as portas para que os professores possam criar - sem a necessidade de conhecimento prévio de programação, somente com o auxílio de tutorial - um RPG educacional, abarcando diversos conteúdos e disciplinas e auxiliando na produção de valiosos objetos de aprendizagem, dotados de interatividade e pensados para acessibilidade.
Através do jogo são produzidas aventuras interativas com foco no conteúdo escolar, de uma forma lúdica, valorizando o interesse que as gerações digitais têm nesta forma de entretenimento.
A metodologia do jogo reforça o aspecto coletivo e colaborativo, auxiliando o processo pedagógico com seus conteúdos, avaliação e feedback. A ferramenta também pode ser utilizada de uma forma mais tradicional, onde o professor cria o jogo com os seus conteúdos e desafios e os apresenta para os alunos, ou de forma colaborativa, onde o docente desafia os estudantes a criarem jogos sobre o conteúdo, por exemplo.
“O Scream tem uma proposta de desafios, com conteúdos de várias disciplinas. O jogador utiliza seu raciocínio lógico, somado às habilidades do personagem escolhido, e vai vencendo etapas, evoluindo e passando de nível. Uma das características do jogo que considero mais interessante é a possibilidade de a pessoa ser quem ela quiser no mundo virtual, algo que, talvez, ela não possa ser no mundo real”, comenta a professora Adriane Ramires, uma das idealizadoras do projeto ao lado de Caruso.
Sobre a adoção do modelo RPG, Adriane explica que a escolha se deu pela maior facilidade de adequação da proposta à questão da acessibilidade e inclusão.
“Se pensarmos uma sala de aula, por exemplo, o jogo de RPG consegue promover a acessibilidade e inclusão porque permite que uma pessoa com deficiência visual, com o auxílio de audiodescrição, possa jogar e interagir normalmente, inclusive com jogadores que tenham outro tipo de necessidade específica”, completa.
O projeto de jogo educacional virtual conta com a colaboração de outros professores do câmpus Pelotas. A instituição de ensino ficará encarregada de desenvolver toda a parte educacional da proposta. Já as questões tecnológicas serão de responsabilidade de uma empresa privada, selecionada via edital. O código de programação será aberto e transferido ao IFSul após a conclusão do game. Dos R$100 mil financiados pela Capes, R$70 mil serão aplicados no desenvolvimento do software.
“É uma grande vitória poder divulgar o IFSul para todo o país e provar que o ensino público dá resultado, fruto de muita pesquisa e dedicação. Estamos trazendo tecnologia avançada não só para a nossa instituição, mas também para as redes pública e privada de ensino, uma vez que o Scream terá código aberto e estará disponível para download e também por meio de aplicativo”, destacam Caruso e Adriane.
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