Alunos desenvolvem dispositivo para monitoramento e controle climático em estufas
Projeto nascido no curso técnico em eletrônica do câmpus Pelotas ficou em 3º lugar na Mocitec 2017
Precisão e maior comodidade na análise de dados e tomada de decisões. Para que vive da agricultura no Brasil, isso já é quase que suficiente para garantir maior produtividade e diminuir perdas por conta de variações climáticas. E foi justamente pensando nas dificuldades enfrentadas pelos produtores rurais e na importância de um setor primário cada vez mais forte que uma dupla de estudantes do curso técnico em eletrônica, do câmpus Pelotas, desenvolveu um dispositivo eletrônico de análise de estufas agrícolas. De fácil utilização e acessível ao homem do campo, o projeto tem ganhado visibilidade não só pela eficiência e confiabilidade dos dados gerados, mas também pela solução tecnológica aplicada.
O Diana (Dispositivo de Análise e Controle de Estufas Agrícolas), como é popularmente conhecido, foi criado pelos alunos Carlos Eduardo Lopes Bastos e Gustavo Ludtke da Silva, sob a orientação e coorientação dos professores Rafael Galli e William Silveira da Silva, respectivamente. Recentemente, o projeto conquistou o terceiro lugar na Mostra de Ciências e Tecnologia (Mocitec) 2017 - categoria Nível Técnico/Engenharias -, evento promovido pelo câmpus Charqueadas do IFSul.
“A oportunidade de estar presente em um evento como a Mocitec é fundamental para divulgar à comunidade acadêmica os trabalhos de qualidade que são realizados no curso técnico em eletrônica do câmpus Pelotas. Além disso, a participação em eventos como este proporciona troca de experiências e integração entre os estudantes, estimula a capacidade de pesquisa, desenvolvimento e inovação através de projetos científicos que complementam a formação do estudante e também pode contribuir como incentivo para outros alunos participarem de eventos como Mocitec”, avalia o professor William Silveira da Silva.
Ele está ciente de que o desempenho na mostra em Charqueadas, assim como os resultados positivos que almeja em outros eventos do gênero, passa, primeiro, por um árduo trabalho de pesquisa e dedicação para desenvolver uma solução tecnológica capaz de resolver de forma mais ágil e eficaz um determinado problema.
E parece que a lição de casa tem sido cumprida à risca pelos estudantes Carlos Eduardo e Gustavo. Há mais de cinco meses, os dois vêm se dedicando ao projeto e, mais recentemente, ao aperfeiçoamento do dispositivo, sempre aliando tecnologia, praticidade e resultados.
Funcionamento
O Diana tem por objetivo proporcionar ao usuário um sistema eletrônico que atue na busca por garantir as condições climáticas ideais para o cultivo, proporcionando um bom desenvolvimento da produção. O dispositivo possibilita visualizar os dados de temperatura, luminosidade, umidade relativa do solo e do ar em tempo real, e o sistema atua automaticamente controlando estas propriedades.
Os dados enviados digitalmente ao produtor são atualizados constantemente, garantindo uma precisão no monitoramento. Este sistema conta com sensores de pequenas escalas que realizam estas funções de análises. Assim, com escalas reduzidas, desenvolve-se o monitoramento ocupando o mínimo de área terrestre possível. O controle do clima é feito através de irrigadores, exaustores, sistemas de aquecimento e iluminação.
“Vale destacar a compatibilidade para expansão do número de blocos de monitoramento e controle, permitindo que uma estufa em larga escala venha a usufruir deste sistema em diversas áreas na sua estrutura, ou que várias estufas pequenas desfrutem do mesmo sistema, sendo controladas independentemente. Tanto o sistema de monitoramento quanto o de controle são controlados através de um microcontrolador PIC, com algoritmos e circuitos eletrônicos desenvolvidos durante o projeto”, explica o professor William.
Além disso, segundo o docente, o sistema disponibiliza uma interface central de comunicação com o usuário, que possui um teclado e um display LCD, permitindo que o produtor rural, por exemplo, analise os dados climáticos e configure o dispositivo.
“A configuração é realizada pelo usuário, que define no aparelho as propriedades climáticas desejadas para o cultivo, e o sistema atua controlando estas propriedades. Além da interface central, destaca-se o desenvolvimento de um software para dispositivos móveis, que possibilita ao usuário, através da tecnologia Bluetooth, comunicar-se com o dispositivo a distância”, detalha.
Testes serão realizados, em escala reduzida, com diferentes tipos de hortifrutis e substratos, registrando as propriedades climáticas das estufas periodicamente, analisando a eficácia do projeto e possíveis opções de melhoria.
Vantagens
Por isso, tanto Carlos Eduardo como Gustavo estão confiantes no sucesso do Diana e no que vem por aí. Para eles, a razão de tamanho otimismo está no fato de que o dispositivo é um sistema de fácil utilização e acessível aos produtores. Conforme os estudantes, o Diana apresenta diversas vantagens, como um melhor desenvolvimento da produção de hortifrutigranjeiros, prevenção contra danos ocasionados por intempéries climáticas, uma rotina de trabalho menos exaustiva aos agricultores e praticidade, já que poderá ser controlado por um dispositivo móvel.
“Haverá, inclusive, certa economia de água, uma vez que o sistema só utiliza o necessário para produção. Vale ressaltar ainda que o dispositivo não necessita de iluminação solar para produção, possibilitando utilizar estufas controladas em ambientes internos”, acrescenta a dupla.
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