Idealizador da rifa solidária promove doação de roupas e cobertores
Estudante Gabriel Duarte do câmpus Pelotas entregou a moradores de rua os donativos obtidos através de sua campanha
Há quem goste do inverno, mas não se pode negar os diversos problemas que o acompanham em sua chegada. E foi na madrugada mais fria deste ano, 19 de junho, uma segunda-feira, que os moradores de rua que se reúnem toda semana para receber o sopão semanal, foram surpreendidos com a distribuição de roupas e cobertores. A entrega foi feita pelo estudante do 3º semestre do curso técnico em Eletrotécnica, Gabriel Gaia Duarte, que lançou no início do mês uma rifa solidária, a fim de arrecadar fundos para a compra de cobertores para pessoas desabrigadas. Cada bilhete custava R$2,00 reais, e o prêmio era uma cesta temática do Dia dos Namorados.
Dos 340 bilhetes contidos na rifa, Gabriel conseguiu vender 324, mesmo assim, teve suas expectativas superadas. Ele, que previa a possibilidade de conseguir em torno de dez cobertores, não imaginava que, com a repercussão da campanha, conseguiria 41 unidades, além de roupas. As roupas adquiridas foram arrecadadas na campanha dos Jogos Intercursos 2016, porém, estavam armazenadas no câmpus devido ao fato de que diversas instituições de caridade aceitam apenas doações de alimentos. Por esse motivo, a direção as liberou para que fossem doadas junto aos cobertores.
Acompanhado de sua mãe e do pessoal que organiza o Sopão de Rua, Gabriel realizou a entrega das doações na noite do dia 19 de junho, na esquina das ruas Anchieta e Tiradentes, e foi tomado pelo mesmo sentimento que o fez criar a rifa solidária.
“É uma situação que não faz parte do nosso cotidiano, que nos agride, mas, ao mesmo tempo, nos conscientiza a respeito de o quão pequenos são os nossos problemas”, ressalta.
De todas as histórias que teve a oportunidade de conhecer naquela noite fria, o estudante revela que o que mais lhe comoveu foi a história de um senhor, portador do vírus HIV e de um câncer, que embora tivesse um laudo da Polícia Civil que o colocava como prioridade nos abrigos, não conseguia vaga devido à superlotação.
“As pessoas julgam que eles não vão para os abrigos porque não querem, mas na maioria das vezes não é isso”, lamenta.
Gabriel reafirma o desejo de continuar fazendo campanhas em prol dos mais necessitados e conta com o apoio da direção do câmpus e dos colegas. Para ele, o fato de nos depararmos com pessoas de ruas todos os dias, em todos os lugares, tornou-se uma questão banal.
“Vivemos numa sociedade egocêntrica, o mínimo que pudermos fazer pelo próximo deve ser feito. Eu não perdi nada, pelo contrário, ganhei para eles e para mim, por sentir que estou fazendo minha obrigação como ser humano. Se não nos ajudarmos uns aos outros, vamos continuar em decadência”, finaliza.
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