Do Reino Unido para o Brasil: docentes do IFSul compartilham experiência de intercâmbio na Europa
As professoras Paula Alquati e Vanessa Signorini conheceram de perto a realidade do ensino profissional da Inglaterra
As docentes do IFSul que conquistaram duas entre as 15 vagas disponibilizadas em edital da Rede Federal retornaram do Reino Unido com novas experiências para compartilhar com a comunidade da instituição. Paula Alquati e Vanessa Signorini passaram 60 dias na cidade de Bournemouth, na Inglaterra, acompanhando o dia a dia de professores e alunos da educação profissional do país. Além de receber formação pedagógica e de conviverem com os estudantes estrangeiros, as professoras do curso técnico em edificações do câmpus Pelotas elaboraram projetos com o objetivo de dar continuidade a esse trabalho dentro do instituto. A capacitação foi viabilizada por meio do edital conjunto entre o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) e a Association of Colleges do Reino Unido (AoC).
Durante a experiência, as docentes puderam ter uma vivência prática dentro da sua área de atuação, acompanhando os professores britânicos em suas atividades, além de ministrar aulas e orientar os alunos. Nesse acompanhamento, puderam notar as diferenças entre a educação profissional daqui e de lá. “Foi muito interessante ver a estrutura da educação profissional na Inglaterra e, principalmente, na forma como se vincula ao mercado de trabalho. Neste caminho se difere bastante da nossa realidade aqui no Brasil, tendo em vista que lá todo trabalhador necessita de um certificado para atuar em qualquer área profissional”, destaca Vanessa. Paula afirma que, apesar das diferenças em relação à estrutura, nos dois países existem problemas em relação à formação. “A gente desmistifica um pouco o processo de educação brasileira. As coisas são difíceis em todo lugar”, ressalta.
As realidades diferem, também, na questão dos cursos. Segundo as professoras, os cursos na Inglaterra são mais segmentados. “A nossa educação profissional tem uma formação mais abrangente. Nosso técnico em edificações, por exemplo, aprende desde o desenho, o projeto da edificação até a execução de diferentes elementos construtivos, enquanto lá as partes da construção são segmentadas em diferentes cursos, como o de alvenaria, o de acabamentos, entre outros”, afirma Vanessa.
A vivência na Inglaterra foi muito importante, segundo elas, para refletir sobre a educação brasileira. Segundo Paula, o foco da educação profissional de lá é a indústria, até mesmo com aproximação das instituições de ensino e o mercado de trabalho. Por conta disso, os cursos técnicos têm bastante destaque e adesão dos estudantes. “Lá, nem todos vão para o ensino superior. Isso me fez parar para pensar muito e trazer mais respeito ainda pra essa nossa formação”, salienta.
Reaproveitamento de materiais de construção como foco de pesquisa
Um dos pré-requisitos para participar do intercâmbio era a produção de um projeto de pesquisa. Vanessa trouxe o projeto “Resíduos da construção – um desafio para as aulas práticas do curso de Edificações”, que trata de uma preocupação que acompanha o curso já há algum tempo: o consumo de materiais e a geração de resíduos. Nas aulas práticas, os alunos produzem diferentes partes de uma construção, o que acarreta em grande consumo de materiais e consequentemente, geração de resíduos, já que a cada semestre os elementos construídos são desmanchados para dar lugar a novas instalações.
“O projeto buscou verificar como esse tipo de aula prática funciona no Reino Unido observando-se, por exemplo, se existe reutilização de materiais, se algum processo construtivo é executado em forma definitiva sem a necessidade de ser desfeito, se existe alguma parceria com construtoras ou cooperativas e programas assistenciais, se é produzido algum novo material a partir dos resíduos gerados, ou ainda se existem outras soluções para este problema de forma que se possa minimizar o consumo de materiais e a geração de resíduos nas aulas práticas”, afirma Vanessa.
Capacitação de docentes e aproximação da indústria
Já Paula focou seu projeto na capacitação de docentes. “A minha ideia foi verificar de que maneira eram diferentes os parâmetros para progressão e capacitação docente. Lá eles são muito focados na indústria, enquanto aqui nossa formação é muito mais acadêmica. Por isso, quis verificar como se davam essas diferenças e de que maneira seria possível trazer essas ideias para cá, a fim de aproximar os professores da indústria”, conta.
A professora Paula foi convidada para apresentar seu projeto em Brasília, na reunião de encerramento do programa. “Foram quatro trabalhos selecionados para fazer parte desse diálogo no Conif. Fomos eu, um colega de Brasília, um do Ceará e outro do Espirito Santo”, ressalta Paula, entusiasmada com a participação. O evento contou também com representantes da embaixada britânica, representantes do Conif, representantes dos Institutos Federais do Pará, de Brasília, do Norte de Minas Gerais, Fluminense, de Santa Catarina, do Espírito Santo e do Ceará, a secretária da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), Eline Nascimento, o diretor de assuntos internacionais do College onde as professoras estudaram, Nicholas Harris e Ayesha Williamns, representante da AoC que veio do Reino Unido para o encerramento.
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