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Impacto das enchentes nos câmpus

Escrito por DDI | Publicado: Quarta, 05 de Junho de 2024, 10h35 | Última atualização em Terça, 16 de Dezembro de 2025, 11h07

Impacto dos Eventos Climáticos Extremos nos Câmpus do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul)

Em 2024, o Rio Grande do Sul enfrentou o maior desastre climático de sua história, caracterizado por chuvas volumosas, deslizamentos, inundações e alagamentos. Extremos climáticos que decorreram de eventos anteriores, que já haviam afetado o Estado com grande intensidade no segundo semestre de 2023. Entretanto, a magnitude do evento de 2024 afetou infraestruturas, a mobilidade e os serviços essenciais de grande parte do Estado, exigindo operações contínuas de resposta e resgate. (Defesa Civil do RS)

O Governo do Estado registrou impacto direto em 478 dos 497 municípios gaúchos, o que evidencia a escala territorial da calamidade. O boletim oficial aponta que mais de 2,3 milhões de pessoas foram afetadas, incluindo milhares de desalojados, danos severos à infraestrutura pública e interrupções significativas em serviços como educação, transporte e assistência social. (Governo do Estado — Plataforma SOS Enchentes RS)

No âmbito do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul), o cenário também foi crítico. Dos 14 municípios que sediam câmpus, 9 foram diretamente atingidos pelas enchentes, conforme levantamento interno realizado pela instituição. Esse dado demonstra que a rede esteve inserida de forma expressiva no contexto do desastre, com reflexos imediatos nas estruturas físicas, no funcionamento administrativo e na rotina de estudantes e servidores. (Pesquisa interna — IFSul)

Este documento apresenta uma análise consolidada dos impactos reportados pelos câmpus afetados, abrangendo dimensões como infraestrutura, equipamentos, acesso e transporte, atividades pedagógicas e atividades administrativas. A sistematização dessas informações busca subsidiar ações de recuperação, planejamento e fortalecimento da resiliência institucional.

O gráfico 1 apresenta uma comparação entre diversos câmpus do IFSul em relação ao impacto das enchentes de 2024, considerando múltiplas dimensões operacionais.

De forma geral, observa-se que todos os câmpus foram afetados em alguma medida, ainda que com intensidades diferentes, por dimensão. Quase todas as barras situam-se entre os níveis 3 e 5, indicando impacto moderado a elevado. Isso revela que os efeitos das enchentes não se limitaram apenas à infraestrutura física, mas atingiram o funcionamento rotineiro das unidades em atividades didáticas e administrativas.

Gráfico 1: Percepção de Impacto dos Eventos Climáticos Extremos nos Câmpus do IFSul

Fonte: Levantamento junto às Direções-gerais dos Câmpus do IFSul

Câmpus com Maiores Impactos

Ao todo, seis câmpus demonstram valores consistentemente altos (próximos de 5) em praticamente todas as dimensões:

  • Novo Hamburgo
  • Venâncio Aires
  • Sapucaia do Sul
  • Pelotas – Visconde da Graça
  • Lajeado
  • Gravataí

Estas unidades enfrentaram impacto generalizado, especialmente em:

  • Infraestrutura física
  • Equipamentos
  • Atividades pedagógicas e administrativas
  • Transporte de estudantes e servidores

Isso indica que esses câmpus sofreram interrupções mais severas das atividades e tiveram danos estruturais relevantes.

Câmpus com Impactos Moderados

Cinco câmpus concentram os impactos mais significativos em áreas específicas, mas não em todas as dimensões:

  • Charqueadas
  • Passo Fundo
  • Camaquã
  • Bagé
  • Pelotas

Nesses casos, observa-se:

  • impacto moderado em infraestrutura e equipamentos;
  • impactos mais elevados no acesso e transporte, sugerindo problemas de mobilidade urbana e logística; e
  • variação em atividades pedagógicas, refletindo interrupções de aulas e serviços.

Câmpus com Menores Impactos Relativos

Dois câmpus apresentam impactos mais baixos em comparação com o conjunto:

  • Santana do Livramento
  • Jaguarão

Nestas unidades, os impactos situam-se majoritariamente entre 1 e 3, indicando:

  • impactos menos significativos das enchentes tanto na área urbana quanto nas instalações do câmpus
  • menor nível de interrupção das atividades acadêmicas e administrativas.

 Dimensões Mais Afetadas

Ao analisar a decomposição dos impactos percebe-se que as dimensões com maior concentração de valores altos (4 e 5) são:

  • Acesso e transporte de estudantes
  • Acesso e transporte de servidores
  • Atividades pedagógicas
  • Atividades administrativas

Esses dados reforçam que a crise afetou não apenas estruturas físicas, mas a continuidade do ensino, a logística de deslocamento da comunidade acadêmica e o funcionamento organizacional.

Dimensões com Maior Variabilidade

As dimensões que apresentam maior dispersão entre os câmpus são:

  • Infraestrutura física
  • Equipamentos
  • Materiais permanentes

A ocorrência sugere que algumas unidades tiveram danos diretos (alagamentos, perdas de equipamentos, danos estruturais), enquanto outras foram afetadas principalmente de forma indireta (interrupção de serviços ou acessos).

Impactos físicos e consequências nos Câmpus

Infraestrutura

Câmpus

Infraestruturas afetadas

Bagé

Salas de aula; Laboratórios; Setores administrativos; Áreas externas

Camaquã

Salas de aula; Laboratórios; Auditório

Charqueadas

Salas de aula; Laboratórios; Biblioteca; Setores administrativos

Gravataí

Telhados afetados por vendaval

Jaguarão

Não houve danos no câmpus

Lajeado

Laboratórios; Biblioteca; Setores administrativos; prédio multiuso (biblioteca, sala de TI, sala multidisciplinar, sala de atendimento, sala dos docentes, cozinha, gabinete, sala da direção-geral, laboratório de informática, corredores, saguão); infiltrações e goteiras agravadas

Novo Hamburgo

Salas de aula; Laboratórios; Áreas externas; Quadra poliesportiva; Saguão de entrada; Almoxarifado; Sala dos professores; Banheiros de servidores; Depósito; Cozinha de terceirizados

Passo Fundo

Salas de aula; Laboratórios; Setores administrativos; Refeitório; Telhados

Pelotas

Não houve inundações; impactos decorrentes das fortes chuvas (infiltrações e problemas estruturais)

Pelotas – Visconde da Graça

Salas de aula; Alojamento estudantil; Quadra esportiva

Santana do Livramento

Salas de aula; Laboratórios; Setores administrativos

Sapiranga

Salas de aula; Laboratórios; Setores administrativos

Sapucaia do Sul

Salas de aula; Laboratórios; Biblioteca; Setores administrativos; Telhados; Calhas

Venâncio Aires

Salas de aula; Laboratórios; Biblioteca; Setores administrativos; Áreas externas; Telhados; Calhas e sistemas de escoamento; múltiplos blocos com necessidade de intervenção (Salas de Aula 1, Oficinas 1 e 2, Bloco Administrativo, salas modulares, prédio da Educação Física e garagem)

Apesar das diferenças de intensidade e das particularidades locais, existe um conjunto de elementos recorrentes que aparece na maior parte dos câmpus atingidos. O primeiro ponto comum é que salas de aula e laboratórios foram as estruturas mais frequentemente impactadas, indicando que os ambientes diretamente ligados às atividades de ensino foram os mais vulneráveis às chuvas e infiltrações. Da mesma forma, setores administrativos também aparecem de forma repetida, mostrando que o funcionamento interno da gestão dos câmpus foi afetado em diversos locais.

Outro ponto de convergência é a presença de problemas relacionados a telhados, calhas e sistemas de escoamento, seja por danos diretos, como no caso de vendavais, seja por falhas agravadas pelo volume de chuva, gerando infiltrações, goteiras e comprometimento de múltiplos ambientes. Em vários câmpus, as chuvas intensas exacerbaram as fragilidades já existentes nessas estruturas.

Também é comum que áreas externas e acessos tenham sido afetados, o que dificultou a circulação de estudantes e servidores e ampliou os impactos sobre as atividades cotidianas. Mesmo câmpus que não sofreram alagamento direto relatam consequências estruturais decorrentes das chuvas fortes, como infiltrações, danos a coberturas e comprometimento parcial de blocos inteiros.

Por fim, é possível afirmar que nenhum câmpus passou completamente ileso, mesmo nos municípios não atingidos diretamente pelas enchentes. Todos apresentam, em maior ou menor escala, problemas estruturais decorrentes das chuvas — seja de forma direta, seja pela exposição de fragilidades que já existiam, mas foram agravadas pelos eventos climáticos de 2024.

 Equipamentos e mobiliário

Os registros apontam que os danos a equipamentos e mobiliário atingiram uma parcela significativa dos câmpus do IFSul. Os câmpus que informaram ocorrência desse tipo de prejuízo foram Bagé, Camaquã, Charqueadas, Lajeado, Novo Hamburgo, Sapucaia do Sul e Venâncio Aires. Nessas unidades, foram relatados desde danos a mobiliários e eletrodomésticos até prejuízos a equipamentos utilizados nas rotinas pedagógicas e administrativas.

Por outro lado, não houve registro de danos a equipamentos ou mobiliário nos câmpus Gravataí, Jaguarão, Passo Fundo, Pelotas, Pelotas – Visconde da Graça, Santana do Livramento e Sapiranga, indicando que, nesses casos, os eventos climáticos não resultaram em perdas materiais dessa natureza.

Danos ou perda de documentos, processos ou arquivos

A ocorrência de danos ou perdas documentais foi bastante pontual no conjunto da rede. Apenas os câmpus de Charqueadas e Lajeado relataram impacto direto sobre documentos, processos ou arquivos institucionais, o que evidencia situações específicas de maior severidade nessas unidades.

Nos demais câmpus — Bagé, Camaquã, Gravataí, Jaguarão, Novo Hamburgo, Passo Fundo, Pelotas, Pelotas – Visconde da Graça, Santana do Livramento, Sapiranga, Sapucaia do Sul e Venâncio Aires — não houve registro de perda ou dano documental decorrente das enchentes.

Suspensão das atividades acadêmicas e administrativas

Todos os 14 câmpus do IFSul informaram ter realizado suspensão de atividades em algum momento em função das enchentes e de seus efeitos diretos ou indiretos, demonstrando o caráter sistêmico do impacto sobre o funcionamento institucional.

A suspensão total das atividades foi registrada nos câmpus de Charqueadas, Gravataí, Lajeado, Novo Hamburgo, Pelotas, Pelotas – Visconde da Graça, Sapucaia do Sul e Venâncio Aires, indicando interrupção integral das rotinas acadêmicas e administrativas nessas unidades. Já a suspensão parcial ocorreu em Bagé, Camaquã, Jaguarão, Passo Fundo, Santana do Livramento e Sapiranga.

Realocação de atividades para outros espaços

A necessidade de realocar atividades para outros espaços foi registrada apenas nos câmpus de Lajeado e Venâncio Aires. Nos demais câmpus — Bagé, Camaquã, Charqueadas, Gravataí, Jaguarão, Novo Hamburgo, Passo Fundo, Pelotas, Pelotas – Visconde da Graça, Santana do Livramento, Sapiranga e Sapucaia do Sul — não houve necessidade de realocação de espaços, ainda que tenham ocorrido suspensões ou limitações na oferta de atividades.

Problemas no fornecimento de serviços essenciais

A ocorrência de problemas no fornecimento de energia elétrica, água ou internet foi reportada por sete câmpus: Bagé, Camaquã, Charqueadas, Lajeado, Sapiranga, Sapucaia do Sul e Venâncio Aires. Na maioria desses casos, os impactos foram descritos como de curta duração, com exceção de Lajeado e Venâncio Aires, que registraram interrupções prolongadas, indicando maior comprometimento da infraestrutura básica local.

Não foram relatados problemas desse tipo nos câmpus de Gravataí, Jaguarão, Novo Hamburgo, Passo Fundo, Pelotas, Pelotas – Visconde da Graça e Santana do Livramento.

Impactos humanos das enchentes nos câmpus do IFSul

As enchentes de 2024 atingiram de forma direta a comunidade acadêmica e praticamente todos os câmpus do IFSul, com registros de estudantes, servidores e trabalhadores terceirizados afetados por alagamentos, perda de bens, deslocamento forçado de residências e interrupções severas de mobilidade. Apenas o câmpus Bagé informou não ter identificado pessoas diretamente atingidas. Nos demais câmpus houve relatos em diferentes escalas de intensidade, evidenciando que o impacto humano esteve amplamente disseminado.

Em Camaquã, foram registradas cinco pessoas afetadas. Charqueadas informou a ocorrência de pessoas atingidas, sem detalhamento numérico. Em Gravataí, foram identificados quatro estudantes diretamente atingidos. O câmpus de Jaguarão registrou quatro pessoas afetadas, incluindo um estudante. Em Lajeado, houve impacto sobre cerca de quarenta pessoas, entre estudantes, servidores e terceirizados, sendo relatado atendimento a todos os casos identificados. Em Novo Hamburgo, a situação assumiu maior dimensão, com registro de um servidor, quatro terceirizados e cerca de cem estudantes atingidos. O câmpus Passo Fundo informou aproximadamente cinquenta pessoas afetadas. Em Santana do Livramento, foram registrados cinco servidores atingidos, enquanto em Sapiranga foram inicialmente identificadas quatro pessoas, entre docente substituto e estudantes.

O câmpus Pelotas – Visconde da Graça relatou impacto sobre todos os estudantes e servidores residentes no bairro Laranjal, totalizando aproximadamente trinta estudantes e vinte servidores diretamente atingidos, além de outras pessoas afetadas pela impossibilidade de deslocamento em decorrência das enchentes. Em Sapucaia do Sul, um dos câmpus que mais concentrou ocorrências, foram registrados 129 estudantes com residências alagadas e seis servidores atingidos, com concessão de auxílio financeiro a 193 estudantes e estimativa de atendimento a centenas de pessoas da comunidade local. Já em Venâncio Aires, foram identificados aproximadamente dez servidores, trinta estudantes e sete terceirizados atingidos, tendo todos recebido algum tipo de apoio material, social, psicológico ou pedagógico, em um contexto de intensa mobilização institucional e comunitária.

Resposta dos câmpus à crise

A resposta dos câmpus do IFSul às enchentes de 2024 caracterizou-se pela mobilização de equipes internas, pela articulação com a comunidade local e pelo engajamento voluntário de estudantes e servidores em ações solidárias. Em diversos câmpus houve a criação de grupos específicos para gerenciamento da crise, seja de forma formal ou informal, evidenciando o esforço das direções locais em estruturar respostas rápidas aos impactos climáticos. A constituição desses grupos foi formalmente registrada em Gravataí, Lajeado, Passo Fundo e Pelotas – Visconde da Graça, enquanto Camaquã, Charqueadas, Jaguarão, Novo Hamburgo, Santana do Livramento, Sapiranga, Sapucaia do Sul e Venâncio Aires relataram a formação de grupos informais para coordenação das ações. Apenas o câmpus Bagé informou não ter instituído grupo específico de gerenciamento.

Todos os câmpus relataram a realização de ações de apoio à comunidade local, com exceção de Gravataí, que não descreveu iniciativas desse tipo. Essas ações assumiram diferentes formatos, com predominância de campanhas de arrecadação, recebimento, triagem e distribuição de donativos, especialmente alimentos, roupas, produtos de higiene, eletrodomésticos e móveis. Em alguns câmpus, as atividades extrapolaram a arrecadação, envolvendo também acolhimento de pessoas afetadas, atendimentos técnicos, limpeza de áreas atingidas e recuperação de equipamentos, como observado em Camaquã, Lajeado, Novo Hamburgo, Passo Fundo, Pelotas, Pelotas - Visconde da Graça e Sapucaia do Sul.

A participação voluntária de estudantes e servidores esteve presente na ampla maioria dos câmpus, sendo registrada como ampla em unidades como Bagé, Camaquã, Lajeado, Novo Hamburgo, Passo Fundo, Pelotas, Pelotas - Visconde da Graça, Sapucaia do Sul e Venâncio Aires. Nos câmpus de Charqueadas, Jaguarão, Santana do Livramento e Sapiranga, a adesão foi relatada como parcial, ainda assim demonstrando mobilização significativa da comunidade acadêmica. Apenas Gravataí não informou participação voluntária.

Quanto aos tipos de apoio prestados, predominam as iniciativas de arrecadação e distribuição de donativos em praticamente todos os câmpus. Também foram recorrentes ações de acolhimento temporário de pessoas atingidas, especialmente em unidades como Pelotas - Visconde da Graça, Novo Hamburgo e Passo Fundo, além de atendimentos técnicos nas áreas de manutenção, saúde e serviços gerais para recuperação de bens danificados. Em alguns câmpus, como Lajeado, Sapucaia do Sul e Venâncio Aires, houve ainda produção de móveis, roupas de cama, produtos de limpeza e alimentos, associando a resposta emergencial a atividades pedagógicas e extensionistas com impacto social direto.

Avaliação do apoio recebido e mobilização de recursos

O Gráfico 2 apresenta a percepção dos câmpus quanto ao apoio recebido de diferentes instâncias. A análise das avaliações atribuídas pelos câmpus às diferentes instâncias de apoio mostra um padrão bastante consistente em toda a instituição. A Reitoria do IFSul destaca-se como a fonte mais bem avaliada, com atribuição predominante de nota máxima (5) em praticamente todos os câmpus, registrando variações pontuais apenas em Passo Fundo (3) e no câmpus Pelotas (4). Esse resultado reflete a percepção generalizada de resposta coordenada, suporte contínuo e articulação institucional durante e após os eventos climáticos. O apoio proveniente de outros câmpus do IFSul também foi positivamente avaliado, com notas majoritariamente entre 3 e 5, evidenciando o engajamento solidário entre as unidades, ainda que o câmpus Passo Fundo tenha registrado avaliação mais baixa (1) nesse item.

Gráfico 2: Percepção do nível de apoio recebido por câmpus do IFSulFonte: Levantamento junto às Direções-gerais dos Câmpus do IFSul

A comunidade local figura entre os apoios mais bem avaliados pelos câmpus, com notas máximas em quase todas as unidades, incluindo aquelas severamente impactadas, como Charqueadas, Lajeado, Pelotas – Visconde da Graça, Sapucaia do Sul, Novo Hamburgo e Venâncio Aires. Esse padrão expressa a intensa mobilização de voluntários, entidades e famílias nas regiões atingidas, consolidando o papel dos câmpus como polos de articulação comunitária. O apoio da Defesa Civil e das prefeituras foram avaliados de forma heterogênea: Os câmpus Charqueadas, Sapucaia do Sul, Venâncio Aires, Jaguarão, Santana do Livramento e Pelotas atribuíram avaliações elevadas, enquanto Lajeado e Camaquã registraram notas mais baixas, refletindo diferentes capacidades locais de resposta institucional às emergências.

Já o apoio do Governo Federal apresentou o padrão mais disperso entre todas as instâncias avaliadas, com notas variando de 1 a 5. Nos câmpus que relataram recebimento direto de recursos emergenciais — como Venâncio Aires, Sapucaia do Sul e o Pelotas - Visconde da Graça — as avaliações atribuídas tendem a ser mais elevadas. Em contrapartida, Bagé, Camaquã, Passo Fundo e Pelotas atribuíram notas mais baixas ao suporte federal, indicando percepções distintas quanto à efetividade desse apoio entre as diferentes unidades.

O apoio de ONGs e entidades civis também apresentou variação significativa: os câmpus Venâncio Aires, Sapucaia do Sul, Pelotas - Visconde da Graça, Lajeado e Novo Hamburgo atribuíram avaliações elevadas, enquanto Camaquã, Charqueadas, Passo Fundo e Pelotas registraram notas mais baixas.

Essas avaliações dialogam diretamente com o registro objetivo de recursos financeiros e materiais recebidos para enfrentamento dos impactos. Entre os aportes financeiros e logísticos reportados, destacam-se as obras de recuperação em Camaquã, os valores mobilizados em Charqueadas para ações de recuperação de equipamentos doados, o investimento efetuado em Lajeado para conserto de telhados e aquisição de equipamentos, os R$ 698 mil aplicados em Novo Hamburgo em ações de recuperação, os R$ 905 mil destinados ao câmpus Passo Fundo, os recursos repassados a Pelotas para substituição de telhados, bem como o recebimento de materiais oriundos da Receita Federal pelo câmpus Pelotas - Visconde da Graça. O câmpus Santana do Livramento registrou mobilização de aproximadamente R$ 564.999,70 em ações de apoio, enquanto Sapiranga informou o recebimento de cerca de R$ 88 mil para iniciativas de recuperação. Em Sapucaia do Sul, foram aplicados R$ 124.425,30 em investimentos e R$ 50.000,00 em custeio, além de recursos extraorçamentários vinculados ao enfrentamento da emergência. Em Venâncio Aires, houve a destinação de recursos extraordinários federais emergenciais, associados a bolsas estudantis, aquisição de equipamentos e recebimento de expressivo volume de doações materiais.

Por outro lado, os câmpus de Bagé, Gravataí e Jaguarão informaram não ter recebido recursos financeiros ou apoio material específico, tendo suas ações se concentrado sobretudo em mobilização comunitária e arrecadação de donativos.

Recuperação e aprendizados institucionais

Mesmo após as ações emergenciais realizadas ao longo de 2024, parte dos câmpus do IFSul ainda registra consequências decorrentes dos eventos climáticos, predominantemente de natureza estrutural, mas também com reflexos pedagógicos, sociais e psicológicos em algumas unidades. Entre os impactos remanescentes, destacam-se problemas em telhados, calhas, sistemas de drenagem e infiltrações, além de efeitos persistentes sobre a rotina acadêmica e o bem-estar de estudantes e servidores, especialmente nos câmpus Charqueadas, Lajeado, Sapucaia do Sul, Venâncio Aires, Pelotas e Pelotas - Visconde da Graça. Em contraponto, os câmpus Jaguarão, Passo Fundo e Santana do Livramento informaram não possuir consequências atuais associadas aos eventos climáticos, enquanto Novo Hamburgo relatou impactos restritos às dimensões sociais e psicológicas, já equacionados.

As estimativas de custos para recuperação evidenciam a magnitude dos prejuízos enfrentados. Os valores informados alcançam R$ 100 mil em Bagé, aproximadamente R$ 1.000.000,00 em Camaquã, R$ 200.000,00 em Gravataí, R$ 1.400.000,00 em Pelotas - Visconde da Graça, R$ 564.999,70 em Santana do Livramento e R$ 2.000.000,00 em Venâncio Aires, incluindo obras estruturais e adequações complementares. Os câmpus Pelotas e Sapucaia do Sul também informaram a necessidade de novos aportes para manutenção e substituição de estruturas comprometidas, considerando infiltrações persistentes e fragilidades em telhados e sistemas de escoamento. Em Lajeado e Novo Hamburgo, as principais intervenções já foram concluídas à época do levantamento.

As dificuldades enfrentadas durante as etapas de resposta e recuperação variaram entre os câmpus. Em Camaquã, foram relatados entraves junto à empresa contratada responsável pelas obras de recuperação. Lajeado destacou o prazo exíguo para elaboração de processos de contratação emergencial, enquanto Passo Fundo apontou a dificuldade de conciliar a execução das obras com o funcionamento regular do câmpus. Santana do Livramento enfrentou obstáculos na aquisição de produtos para doações e no transporte dos materiais até os municípios mais afetados. Sapucaia do Sul registrou dificuldades relacionadas ao mapeamento completo dos impactos, limitações de recursos financeiros e humanos, escassez de insumos e instabilidade logística no Estado. Em Venâncio Aires, a principal limitação tratou do déficit de recursos humanos para dar vazão às múltiplas demandas administrativas e operacionais geradas pelo processo de recuperação. Outros câmpus, como Bagé, Gravataí, Jaguarão, Novo Hamburgo e Sapiranga, informaram não ter enfrentado dificuldades relevantes.

Os fatores que contribuíram para a superação das adversidades foram amplamente convergentes entre os câmpus. Destacam-se a colaboração interna das equipes, o engajamento da comunidade acadêmica, a gestão ativa das direções e o apoio de parceiros externos, incluindo prefeituras, instituições públicas, organizações civis e órgãos federais. Em diferentes unidades, a articulação entre setores administrativos e acadêmicos foi apontada como elemento decisivo para garantir continuidade das ações, assim como as parcerias interinstitucionais, especialmente no Pelotas - Visconde da Graça, Pelotas e Venâncio Aires.

Como principal legado institucional, os câmpus apontam a necessidade de fortalecer o planejamento preventivo e a governança para situações de emergência climática. Entre as recomendações recorrentes destacam-se a criação ou institucionalização de comissões permanentes de crise, a elaboração de protocolos claros de resposta, a realização de treinamentos periódicos, o aperfeiçoamento da comunicação interna em situações de alerta, o fortalecimento das ações educativas voltadas à gestão de riscos ambientais e a manutenção sistemática de estruturas como telhados, calhas e sistemas de drenagem, com revisões periódicas. Nos câmpus Camaquã e Sapiranga, enfatizou-se a necessidade de medidas estruturais preventivas, como a implantação de jardins de chuva, melhoria da impermeabilização e construção de passarelas protegidas. Já em Pelotas e Pelotas - Visconde da Graça, reforçou-se a importância de integrar a instituição às discussões municipais, regionais e nacionais sobre mudanças climáticas e resiliência urbana.

Conclusão

A análise consolidada dos impactos das enchentes de 2024 evidencia que os câmpus do IFSul estiveram profundamente inseridos no contexto da maior calamidade climática já enfrentada pelo Rio Grande do Sul. Ainda que a intensidade dos efeitos tenha variado entre os municípios e entre as unidades, constatou-se que nenhuma estrutura institucional permaneceu completamente imune aos reflexos do evento, seja por danos diretos à infraestrutura física, seja por impactos indiretos sobre o funcionamento acadêmico, administrativo e o bem-estar da comunidade.

Os registros demonstram que os maiores prejuízos se concentraram nos ambientes essenciais às atividades pedagógicas — como salas de aula e laboratórios —, bem como em telhados, calhas e sistemas de drenagem, demonstrando fragilidades estruturais amplificadas pelo volume excepcional de chuvas. As dificuldades de acesso e deslocamento comprometeram de forma significativa a continuidade das atividades de ensino e de gestão, resultando na suspensão de atividades em todos os câmpus, total ou parcialmente, em algum momento do período crítico.

Do ponto de vista humano, os dados revelam um impacto expressivo sobre estudantes, servidores e trabalhadores terceirizados, com registro de perdas materiais, desalojamentos temporários e situações de vulnerabilidade social e emocional. Diante desse cenário, a resposta institucional foi marcada pela rápida mobilização das direções, pela constituição de grupos de gestão de crise, pelo engajamento voluntário da comunidade acadêmica e pela intensa articulação com atores locais, especialmente com a comunidade, que se destacou como uma das principais fontes de apoio em praticamente todos os câmpus.

As avaliações atribuídas às instâncias de apoio confirmam o papel central da Reitoria na coordenação das ações e no suporte às unidades, bem como a atuação solidária entre os próprios câmpus. Ao mesmo tempo, observam-se diferenças na percepção do apoio externo, especialmente em relação ao Governo Federal e às estruturas municipais, refletindo as distintas capacidades locais de resposta. A mobilização de recursos financeiros e materiais — em valores expressivos — foi decisiva para viabilizar obras de recuperação, aquisição de equipamentos e apoio direto às comunidades afetadas, ainda que parte dos câmpus siga convivendo com demandas remanescentes de recuperação estrutural.

A experiência vivenciada em 2024 evidencia que os câmpus do IFSul não atuaram apenas como unidades educacionais afetadas pela crise, mas como atores ativos na resposta social ao desastre, estruturando redes de apoio, mobilizando voluntários, administrando recursos emergenciais e mantendo, dentro das possibilidades, o funcionamento institucional. O conjunto das informações levantadas demonstra que a capacidade de articulação interna e externa foi decisiva para mitigar impactos imediatos, ao mesmo tempo em que revelou fragilidades estruturais e operacionais que precisam ser enfrentadas de forma sistêmica.

Por fim, as recomendações formuladas pelos próprios câmpus apontam para a necessidade de aprimorar os mecanismos institucionais de preparação e resposta, com destaque para a definição de protocolos, comissões de crise permanentes, estratégias de comunicação, ações de capacitação e manutenção preventiva das estruturas físicas. O conjunto dos dados apresentados neste relatório oferece subsídios objetivos para o planejamento institucional voltado à redução de vulnerabilidades e ao fortalecimento da capacidade de atuação do IFSul frente a situações de emergência climática.

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