Da decepção à comemoração. A história do estudante do IFSul que foi surpreendido com uma bolsa de estudos para o Canadá
Ismael Hepp havia participado de uma disputada seleção nacional para intercâmbio internacional, mas por muito pouco não conquistou uma das dez vagas oferecidas inicialmente . Quando ele achava que o processo estava encerrado, eis que surge uma nova e surpreendente oportunidade.
Ele se esforçou, fez tudo que estava a seu alcance, mas com o resultado veio a decepção: não, não havia conseguido. A vaga não era sua - e por muito pouco. Foi difícil de se conformar. Onde errara? Era a pergunta que assombrava Ismael Hepp, estudante do câmpus Passo Fundo, desde que tivera acesso ao resultado da seleção a qual havia recentemente enfrentado e que lhe daria a oportunidade de estudar fora do Brasil. Era a sua grande chance de fazer um intercâmbio internacional com uma bolsa integral de estudos. Ele perdera e obviamente estava triste.
Porém, sem que o jovem de 29 anos sequer desconfiasse, os dias de tristeza estavam bem contados. Vamos à explicação. Ismael participou do processo de seleção nacional para um intercâmbio no Canadá do programa CICan Scholarships for Brazilian IF Students. Essa iniciativa, que mobilizou estudantes no país inteiro, foi promovida pelo Conselho Nacional das Instituições de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) em parceria com a Associação dos Colleges Canadenses.
Só que o processo realmente foi muito, muito disputado, já que foram disponibilizadas apenas dez vagas para todo o Brasil. A estudante Júlia Bittencourt de Freitas Luz, do câmpus Pelotas, conquistou uma delas.
"Eu tive muita sorte, pois acredito que se não houvesse tantos candidatos bons eles não teriam disponibilizado essas vagas”
Mesmo triste, é vida que segue e lá foi o Ismael tocar a sua. Porém, surpreendentemente tudo mudou. Bem, deixemos que nosso protagonista, que está no terceiro semestre do curso de tecnologia em sistemas para internet, narre essa experiência:
“Na semana após o resultado negativo, eu fui para Porto Alegre participar do FISL (Fórum Internacional do Software Livre) com meus colegas de câmpus. Aproveitei a oportunidade para encontrar dois amigos que estavam lá. Saímos uma noite para conversar e ‘chorar as pitangas’. Mal sabia eu que neste mesmo dia havia recebido um e-mail do Canadá. Só dois dias depois, devido a problemas com a minha internet, fui vê-lo. Dizia: ‘Devido ao grande número de bons candidatos, resolvemos disponibilizar mais dez vagas’. Na hora minha expectativa voltou e quase passei mal de ansiedade (hehe). Eu tive muita sorte, pois acredito que se não houvesse tantos candidatos bons eles não teriam disponibilizado essas vagas”.
O resultado esperado
E agora? Agora era aguardar novamente. Haja coração! A resposta veio uns dias após:
“Uma semana depois chegou o e-mail: ‘Você foi selecionado’. Aí foi só alegria, contei para meus pais, amigos e namorada,” nos relata o eufórico e feliz estudante.
É! A história havia dado uma reviravolta impressionante! Mas o que o motivou a enfrentar essa jornada permeada por fortíssimas emoções? Uma “montanha-russa” emocional como ele mesmo descreve? Ismael diz que sempre entendeu que um intercâmbio seria uma possibilidade para a sua vida, e, ao entrar no instituto, já se imaginava enfrentando uma seleção desse nível, muito embora, ultimamente, não estivesse colocando muita fé nisso, por conta da crise econômica.
“Logo foi uma surpresa quando fiquei sabendo da seleção. Me inscrevi assim que possível. Sempre achei que um intercâmbio pode acrescentar muito na vida e no currículo de uma pessoa. Mas, até então, nunca havia tido a oportunidade de fazer um”, conta.
O rapaz tem um ótimo coeficiente acadêmico, importante nessa conquista. E em relação ao domínio da língua inglesa, Ismael explica que nunca teve problemas. Ele atingiu no exame de proficiência os pontos requeridos para passar no edital.
Também se destacou na entrevista. “Apesar de ter eu ficado bastante nervoso, me saí bem. O resultado foi C1, o segundo melhor do Common European Framework, a escala que utilizam.
Ismael começou a se familiarizar com o inglês ainda criança, motivado pelos jogos que apreciava. De palavras e expressões, foi se aperfeiçoando. Apesar de ter feito um curso de idiomas, considera que aprendeu muito mais por conta própria.
“Na minha concepção, sempre aprendi mais sozinho. Assistia a filmes e séries em inglês, e com o tempo fui aumentando meu vocabulário. Hoje em dia costumo ver com legendas em inglês (mesmo conseguindo assistir sem, às vezes posso me perder e elas ajudam). Estou meio enferrujado nas regras gramaticais, mas vou aproveitar os quatro meses de inglês do intercâmbio para reforçar isso”.
Lá no Canadá
A viagem será em setembro. Serão 16 meses no Canadá. Um tempo que o jovem pretende aproveitar muito bem. Nesse período, ele irá cursar dois semestres acadêmicos, ter aulas de inglês e fazer estágio em empresas locais. Todas as despesas serão custeadas pela Associação.
“Pessoalmente será uma grande experiência. Conhecer um lugar novo, uma outra cultura, praticar meu inglês, conviver num ambiente universitário diferente, ter que me virar sozinho. E o estágio numa empresa de lá foi uma das coisas que mais me atraiu nessa bolsa, creio que profissionalmente isso vai acrescentar em muito no meu currículo e permitir que eu faça muitos contatos”, planeja.
Por ter trabalhado em uma agência de viagens por um breve período esta não será a primeira experiência internacional do rapaz. Ele já havia passado alguns dias no México e ido ao Paraguai, mas, certamente, será a mais longa. Ismael diz que seus pais e a sua namorada lhe deram todo o apoio para realizar esse projeto. Agora, para driblar a distância e a saudade, eles vão contar com todos os recursos possíveis da tecnologia: “Internet direto. Skype, WhatsApp... eles me incentivaram bastante. Assim que chegar lá vou verificar a possibilidade de visitar meus familiares e namorada, pelo menos no Natal ou algo assim. ”
"o estágio numa empresa de lá foi uma das coisas que mais me atraiu nessa bolsa, creio que profissionalmente isso vai acrescentar em muito no meu currículo e permitir que eu faça muitos contatos”
E para finalizar a matéria resolvemos perguntar quais os planos do jovem para quando ele voltar ao Brasil. A resposta foi bem-humorada: “Voltar ao Canadá”.
Após a “brincadeira”, disse-nos: “Pretendo terminar o curso e depois seguir a carreira acadêmica. Já penso há um tempo em fazer mestrado.” Alguém duvida que ele seja capaz?
Bem, aqui do Brasil nós ficamos na torcida! Desejamos todo sucesso ao Ismael e à Julia pela conquista. Que essa experiência seja realmente um divisor de águas na vida desses dois dedicados estudantes do IFSul.
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