Programa do IFSul busca popularizar a iniciação científica na educação básica
O câmpus Gravataí desenvolveu uma plataforma para dar suporte a mostras científicas. O projeto-piloto, realizado no Município, mobilizou 92% das escolas do município
Levar a ciência às escolas e aos municípios mediante a difusão de mostras científicas. O câmpus Gravataí do IFSul está conseguindo comprovar que essa proposta é viável por meio do Programa Nacional de Promoção da Iniciação Científica na Educação Básica (Pronice).
Sob a coordenação do professor Fábio Mendes, o câmpus desenvolveu uma plataforma online gratuita que fornece os recursos necessários para que as escolas promovam seus eventos - desde as inscrições até a divulgação dos resultados.
Na plataforma há espaços para a formação de professores que atuam na orientação e realização de projetos; para a gestão de projetos de mostras científicas, bem como um repositório digital para armazenamento, promoção e divulgação da produção científica das mostras já realizadas.
Segundo Mendes, a intenção é “massificar a realização de mostras científicas nas escolas de educação básica e nos municípios em todo território nacional com o auxílio dessa plataforma digital, fornecendo formação aos agentes envolvidos e material de suporte”.
Ele acredita que o programa pode servir como um primeiro contato com a construção do conhecimento científico em ambientes escolares: “desejamos incentivar todos os alunos a desenvolverem suas potencialidades”, diz.
Projeto-piloto
O teste de funcionalidade do Pronice foi feito em Gravataí mediante uma parceria entre o câmpus e a Prefeitura para a realização da 2ª Mostra do Conhecimento e Tecnologia de Gravataí (MCTGrav), ocorrida em novembro do ano passado.
O crescimento da primeira para a segunda edição comprova que o programa funciona e que a comunidade escolar, de fato, deseja buscar mais conhecimento científico. Para se ter uma ideia, a primeira Mostra contou com a participação de 22 escolas, em 2022. No ano passado, o evento ganhou mais força e 76 instituições foram inscritas, representando 92% das escolas de educação básica do Município. Cresceu também o número de projetos, de 56 para 952, o que significa um aumento de 1600% em um ano.
Aprendendo a programar
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Suely Silveira foi uma das que aceitou o desafio de desenvolver projetos e levá-los à Mostra. Entre eles o “Computação criativa com Scratch na Turma 51” dos alunos Erica Camilly dos Santos, Jonas Soares, Nicollas Ferreira e Amanda Godinho Bes, todos do quinto ano. A turma contou com a orientação da professora Suellen Cristina Vasques Pinheiro.
Os estudantes resolveram explorar mais a Scratch - uma plataforma gratuita de programação visual -, para descobrir se teriam êxito como programadores, usando essa ferramenta. A Scratch foi projetada para ajudar crianças e jovens a aprender a codificar, permitindo que os usuários criem animações, jogos e histórias interativas, mesmo sem muitos conhecimentos computacionais.
No laboratório de informática da escola, trabalhando em pares, eles soltaram a imaginação e fizeram muitos testes, incluindo até materiais alternativos, como papelões.
Deu certo, conforme descrito no projeto de pesquisa hospedado no repositório do Pronice: “Com testagens, experiências e observações, nas oficinas maker, construímos um protótipo do mascote da Scratch, o Gato, utilizando papelão e alguns componentes eletrônicos, como mini motor DC, pilhas e baterias.”
Empenho dentro e fora do laboratório. Para fundamentar a pesquisa, todos leram muito sobre o assunto, exploraram outros jogos disponíveis na plataforma para entender os códigos de programação. Tudo foi registrado em um “diário de bordo” da turma, no qual está descrito todo o processo de investigação e os resultados do projeto.
>> Clique aqui para conhecer o projeto da Turma 51
Dignidade íntima
Este foi o título de outro projeto apresentado ao público durante a Mostra em Gravataí. Com o estudo, Angélica Alves, Annie de Oliveira, Valentina Goldani, Lara Ely, alunas do sétimo ano da Escola Ladislau de Oliveira Nunes, queriam entender de que forma a “pobreza menstrual” pode afetar a rotina das alunas, tornando o assunto mais discutido no âmbito escolar.
As meninas, coordenadas pela professora Fernanda Gandon de Souza, se empenharam em investigar a situação e buscaram meios para que as estudantes da escola se sintam mais seguras em relação à higiene menstrual, evitando a falta às aulas.
Elas perceberam que, na escola onde estudam, o problema não é tão explícito, porém, concluíram, após várias pesquisas, que a realidade é diferente em outras instituições. Para as participantes do projeto, esse assunto realmente precisa ser discutido no âmbito estudantil, já que muitas meninas deixam de comparecer à aula no período menstrual por falta de acesso à higiene.
Absorventes no banheiro
O projeto rendeu frutos, e, hoje, no banheiro feminino da escola estão disponíveis absorventes. Foi o jeito que as estudantes encontraram para que as colegas que precisam se sintam mais acolhidas.
>> Clique aqui para conhecer o projeto da Turma
Segundo Fábio Mendes, iniciativas deste nível comprovam que dentro dos ambientes escolares realmente existem talentos que podem colaborar para a solução de diferentes demandas. O Pronice fornece subsídios para que esses “potenciais apareçam e que a escola esteja na base das mudanças sociais”, avalia.
Do câmpus Gravataí para o Brasil
As perspectivas são boas! Mendes relata que lideranças do Conselho Nacional de Fundações Estaduais de Amparo à Ciência e Pesquisa (Confap) e a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec/MEC) sinalizaram interesse em expandir o programa para o desenvolvimento da Iniciação Cientifica na Educação Básica. A Setec já está avaliando a possibilidade de levar o Pronice a todos os câmpus dos institutos federais do Brasil, articulando o programa como política para o ensino integral e em tempo integral.
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