Alunos do câmpus Pelotas conquistam medalhas na 11ª Obmep
Os medalhistas do câmpus concorreram com cerca de 18 milhões de estudantes de instituições de ensino públicas de todo o país
Enquanto aguarda a confirmação da data da cerimônia de premiação de seus alunos na 11ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), o câmpus Pelotas vai comemorando ao máximo o fato de ter sido a única escola da cidade a conquistar medalhas na referida edição do evento, uma de prata e outra de bronze, além de oito certificados de menção honrosa. Agora, a expectativa é melhorar ainda mais o desempenho dos estudantes e, para isso, a instituição de ensino conta com a experiência do professor Julio César Mohnsam, um verdadeiro especialista quando o assunto são competições na área da matemática.
“Fiz mestrado profissional em matemática pela Sociedade Brasileira de Matemática, voltado para as Olimpíadas de Matemática. Em 2015, trabalhei com Olimpíadas de Matemática no ensino militar, na Marinha, sendo responsável pelo Canguru sem Fronteiras (KSF), que é a maior competição de matemática do mundo, que todo ano reúne 6 milhões de estudantes de 52 países. Em 2014, trabalhei com Olimpíadas no Colégio Militar de Santa Maria. Na minha chegada ao câmpus Pelotas, assumi as Olimpíadas com a expectativa de aumentar o número de medalhas”, diz Mohnsam.
Bons resultados não caem do céu. É necessário dedicação e muito trabalho, receita que parece estar sendo seguida à risca pelo recém-chegado professor. Atualmente, ele é responsável pela preparação de 15 alunos, muitos deles ganhadores de medalhas e certificados na Obmep, mas que nunca participaram de outros eventos do gênero. Um dos objetivos é incentivar a atual equipe e também outros estudantes interessados em participar de várias competições regionais, nacionais e até internacionais, como a IMO (The International Mathematical Olympiad), considerada a Copa do Mundo dos estudantes de matemática e uma das mais difíceis do planeta, e a Canguru sem Fronteiras (KSF), na qual deverão ser inscritos cerca de 200 alunos do câmpus.
Conforme Lupi Scheer dos Santos, coordenador da disciplina de matemática, o câmpus Pelotas conta, hoje, com 13 professores de matemática efetivos, em atividade, e mais sete substitutos, que lecionam nos cursos técnicos integrado e subsequente, nas engenharias elétrica e química, nos cursos superiores de tecnologia e na licenciatura em computação. Segundo ele, são docentes altamente capacitados e com perfis variados, o que reflete diretamente na qualidade do ensino.
“Essa diversidade é muito enriquecedora. Temos professores envolvidos com a aplicação da matemática nas engenharias, outros voltados à formação continuada dos colegas docentes, e há também aqueles que se dedicam à descoberta da matemática nas artes e na literatura, entre outros. Isso reflete positivamente nos resultados de nossos alunos nas competições, principalmente na Obmep”, opina.
O coordenador reforça que, para a 12ª Obmep, que será realizada no dia 7 de junho e é aberta a alunos dos três turnos do câmpus, outros professores estarão envolvidos na divulgação do evento, na aplicação de provas e na missão de incentivar a participação dos estudantes.
“O grupo de alunos pode ser ampliado conforme a procura e o interesse”, admite.
Na 11ª Obmep, realizada em 2015, aproximadamente 300 alunos do câmpus Pelotas fizeram a prova e 32 passaram para segunda fase. Os medalhistas do câmpus concorreram com cerca de 18 milhões de estudantes de instituições de ensino públicas de todo o país. Este ano, a expectativa é de que 800 alunos do câmpus participem do evento, aumentando as chances de medalhas. Tarefa que exigirá muito trabalho e raciocínio dos competidores.
“O estilo da Obmep é interessante. Tem uma relação contextual nas questões, explorando o raciocínio dos alunos. As questões são bem elaboradas e lúdicas, diferente da OBM (Olimpíada Brasileira de Matemática), que são mais objetivas. Na Obmep, as questões abordam geometria e Teorema de Pitágoras. Quase sempre são abordadas também combinatória, álgebra e aritmética. Esse estilo vem se mantendo nas últimas edições”, analisa Mohnsam, que possui um importante espaço no Portal da Matemática da Obmep, onde disponibiliza listas de exercícios e videoaulas.
“Estou montando também um curso preparatório para a OBM, que se diferencia da sistemática da Obmep, pois apresenta três fases e, na última, são contempladas questões de demonstração”, acrescenta.
Exatas
Mohnsam afirma que o câmpus Pelotas tem um público seleto, composto por alunos considerados “bons em matemática” por apresentarem um perfil cuja preferência é por ciências exatas, característica também apontada pelo diretor-geral da escola, Rafael Blank Leitzke.
“As exatas são nosso eixo central e permeiam praticamente toda a trajetória acadêmica de nossos alunos. Com relação aos excelentes resultados na 11ª edição da Obmep, atribuo esse sucesso todo à formação consistente que é ofertada em nossa escola e ao grupo de professores comprometidos com a educação”, diz o dirigente, lembrando que alunos com bom desempenho em disciplinas como matemática e física, por exemplo, podem atuar como líderes ou monitores em grupo de estudos, ajudando inclusive na melhoria do rendimento e na permanência de outros estudantes.
Sobre esse aspecto, Mohnsam ressalta o fato de que a curiosidade de realizar uma solução sempre motivou o homem. Assim, ele acredita que o aluno de Olimpíada é mais motivado e pode empolgar a sua sala, motivar outros estudantes e, juntamente com eles, melhorar a matemática no País, que, segundo o professor, apresenta péssimos índices.
“Quem nasce com o dom tem facilidade, mas existem casos em que a prática de resolução de problemas cria grandes matemáticos”, completa.
Conforme o Mohnsam, existe um projeto para a realização de uma competição interna de matemática, para todos os níveis de ensino da escola, que será batizada de Olimpíadas de Matemática internas do IF câmpus Pelotas.
Iniciação Científica
Os dois medalhistas do câmpus Pelotas na 11ª Obmep, Marco Pietro Correa Botelho (prata) e Joshua Zambrano (bronze), foram convidados a participar do Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC-Jr) em 2016, que visa transmitir aos alunos cultura matemática básica e treiná-los no rigor da leitura e da escrita de resultados, nas técnicas e métodos, na independência do raciocínio analítico, entre outros.
Os inscritos no programa participam de atividades orientadas por professores qualificados nas instituições de ensino superior e de pesquisa. Com isso, pretende-se despertar a vocação científica do aluno, além de estimular a criatividade por meio do confronto com problemas interessantes da matemática.
“Isso é muito bom. Tanto o Marco Pietro como o Joshua vão melhorar ainda mais com o auxílio desse programa e terão um grande futuro, cheio de oportunidades. A ideia é descobrir talentos. Posso afirmar que, no Brasil, temos mais talentos em matemática do que no futebol”, comenta Mohnsam.
Os dois alunos já estão matriculados no PIC-Jr e agora terão os estudos custeados pelo governo federal. Para os estudantes que nunca participaram de competições de matemática e ainda cultivam certo receio de se lançarem a este tipo de desafio, exemplos como os de Marco Pietro e Joshua podem ser inspiradores.
“Todos os alunos, sem exceção, podem ter a certeza de que o nosso câmpus é um local muito propício à formação, com um ensino público, gratuito e de qualidade, e com diversas possibilidades para a aprendizagem e a superação de dificuldades. Converse com seu professor e manifeste o interesse em participar. Busque aprimorar a formação e conhecer as provas de anos anteriores, que estão disponíveis nos próprios sites das competições, em especial da Obmep”, destaca o coordenador Lupi Scheer dos Santos.
PREMIADOS NA 11ª OBMEP (2015)
Medalha de Prata: Marco Pietro Correa Botelho
Medalha de Bronze: Joshua Zambrano
Certificado de Menção Honrosa: Bruno Evangelista dos Santos, Douglas Alves Goulart, Gabriel da Cruz Larrossa, Henrique David Campelo, Jesue Viegas da Fonseca, Maria Vitória Chiarelli Bourscheid, Matheus da Costa Schwantz e Nicole Lemons de Vasconcelos.
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