Moção de Repúdio ao Projeto Escola Sem Partido no Âmbito do Município de Pelotas
Reitor do IFSul e diretores dos câmpus Pelotas e Pelotas-Visconde da Graça publicam moção contrária ao projeto Escola sem Partido
Estamos em um mundo em que respeitar o ser humano deve estar em primeiro lugar. Respeitar as diferenças e a diversidade existentes em nossa sociedade é um caminho para que consigamos aperfeiçoar essa mesma sociedade. Desta forma, projetos como o Escola sem Partido vão contra a cultura da paz, pois propõem a intolerância étnica, a xenofobia, a discriminação de gênero e credo, entre outros absurdos que não podemos aceitar em nossa comunidade pelotense.
A trajetória de aprendizado de todo estudante tem que ter uma perspectiva completa de vida e de inserção na sociedade e no mundo do trabalho. Desta forma, é necessário que os educadores possam propor dinâmicas que permitam uma reflexão crítica sobre tudo que cerca essas dimensões. Gerar um pensar crítico que permita ao estudante criar sua independência nas decisões é essencial na transformação da sociedade, que levem também a uma efetiva participação cidadã. Assim toda proposta que queira barrar esse caminho do pensar crítico deve ser combatido por educadores e estudantes.
Abaixo, passamos a destacar parte da Moção de Repúdio do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), que apresenta mais argumentos contrários a inciativas como o Escola Sem Partido.
“Essa lei, (...), tem como objetivo proibir o professor de se manifestar política e ideologicamente em sala de aula, sob a alegação de que os estudantes seriam doutrinados à ótica de um único pensamento religioso, político ou ideológico. Ademais, conhecimentos produzidos historicamente e que trazem aprendizagens sólidas para a formação humana, como as correntes sociológicas, são confundidos com conteúdo de cunho doutrinário, o que é um equívoco conceitual e epistemológico.
Ao não permitir as manifestações do professor, essa lei reduz a Educação a um mero conjunto de instrumentais para o trabalho e não contribui para o aprimoramento de políticas educacionais; cerceia a disseminação da ciência modernamente concebida – da sala de aula como um espaço sagrado do saber; impossibilita a discussão de temas que afligem o homem contemporâneo e obstrui o projeto da instituição de ensino laico – local de construção de uma cidadania baseada na liberdade, no trabalho, no processo educativo, na tolerância das diversidades e nos valores humanísticos das sociedades livres e democráticas.
Por congregar instituições que, reconhecidamente, formam profissionais de excelência, cidadãos éticos, justos e socialmente preparados para a vida frente aos recorrentes desafios que requerem posicionamento, o Conif entende que cabe ao professor, dentre outras tarefas, a de proporcionar aos estudantes a compreensão de si, dos demais e do meio no qual estão inseridos.”
Assim nos posicionamos contrários ao projeto do Escola Sem Partido na cidade de Pelotas.
Flávio Nunes – Reitor do IFSul
Álvaro Nebel – Diretor-geral do Câmpus CAVG
Carlos Corrêa – Diretor-geral do Câmpus Pelotas
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